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17 de setembro de 2021Sal-gema: riqueza intocada no Espírito Santo
Descobertas há mais de 40 anos, jazidas em Conceição da Barra podem representar uma injeção para o desenvolvimento socioeconômico capixaba
As importações de sal, em 2017, de acordo com o sumário da ANM, somaram 757 mil toneladas, representando US$ 30,2 milhões – o mineral vem dos EUA, China, Chile, Paquistão e Dinamarca principalmente. “Já que os polos (químicos) que existem hoje importam, então você pode produzir aqui também e vender para esses produtores. O mercado tá aí”, observa o diretor do Ibram Julio Nery.
O engenheiro de minas Paulo Cabral enxerga na perfuração de poços para a produção de sal sólido o primeiro passo na exploração das jazidas. A criação de uma salina poderia prover também o consumo humano e animal, além de abastecer plantas de cloro-soda. Uma das vantagens do Espírito Santo seria a localização das reservas. “É a única jazida do país próxima do Sul-Sudeste”, sublinha o consultor.
“É potencial? É. Mas vamos começar pensando pequeno”, avalia. Na opinião de Cabral, o sal-gema capixaba de alta qualidade, aliado à logística favorável e a uma reserva potencial, pode ajudar o estado a entrar na competição pelos mercados consumidores. “Onde o sal do Rio Grande do Norte atende, vocês podem está lá”, afirma. A instalação de um poço custaria em torno de US$ 1 milhão.
Custos e prazos
Há a possibilidade de instalação de uma indústria de produção de cloro e soda. Essa fábrica usa a salmoura extraída do poço e, por meio da eletrólise, a transforma em cloro (gás) e soda cáustica (líquida). “O cloro em si seria um processo industrial muito menos sofisticado do que uma central petroquímica”, avalia Ciro Marino, e exigiria investimento menor que US$ 1 bilhão.
O valor pode ser considerado alto, mas não chega perto dos custos para implantar uma central petroquímica, estimada em US$ 20 bilhões. Esse é considerado o empreendimento ideal. Se houver produção de eteno (subproduto do petróleo) no Espírito Santo, será possível aproveitar o cloro extraído do sal para manufaturar o PVC, com várias utilidades no mercado, desde vestuário, calçados e tubos de construção civil. O polo de Camaçari (BA) é um exemplo desse tipo de empreendimento.
Apesar das potencialidades, o setor produtivo aponta gargalos que devem ser superados para atrair os investidores. Essa é também uma das tarefas da Frente Parlamentar do Sal-Gema na Ales.
O deputado Freitas revela que a Assembleia Legislativa vai trabalhar para fortalecer os interesses da iniciativa privada junto ao governo do Estado. Isso inclui ações para melhorar a logística e a segurança no fornecimento da energia elétrica e água.
O uso do sal na indústria química é possível por causa da eletrólise, que surgiu no final do século 19. Por meio dela é possível separar o sódio do cloro do sal, detalha o professor Paulo de Tarso, da Ufes. Esse processo, no entanto, exige grande quantidade de energia e a um preço competitivo. “A depender de onde está a planta, de 60% a 70% do custo do cloro, da soda, é energia elétrica”, observa Ciro Marino.
A água, não necessariamente doce, precisa estar disponível em abundância para injeção nos poços e extrair a salmoura. Na logística, os modais preferidos são a linha férrea e portos.
O presidente da Abiquim, Ciro Marino, cobra a necessidade de ações estruturais de Estado (e não de governo) de longo prazo para conferir segurança no planejamento dos negócios, incluindo melhorias nos marcos regulatórios, sistema tributário e nas questões sociais e ambientais.
“A gente precisa saber que a legislação que está vigente hoje, durante o momento que você está desenvolvendo o projeto, seja a mesma legislação daqui a 20 anos porque essa mineração aí vai durar pelo menos 50”, pontua.
Fonte: Assembleia Legislativa Espírito Santo