Os números da Sífilis no Espírito Santo chamam a atenção. Somente este ano, até o final do mês de julho, foram notificados 451 casos de sífilis congênita; 1.715 casos de sífilis em gestantes; e 4.201 casos de sífilis adquirida.
Em 2023, foram registrados 808 casos de sífilis congênita; 2.618 casos de sífilis em gestantes; e 8.129 casos de sífilis adquirida.
Segundo a secretaria de estado da Saúde (Sesa), a sífilis congênita, transmitida pela mãe à criança durante a gestação, é, inclusive, considerada um problema de saúde pública.
Em 2023, a incidência de sífilis congênita foi de 16 casos para cada mil nascidos vivos. Com isso, o estado ficou acima da média nacional, (dez casos), além do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de até 0,5 casos para cada mil nascidos vivos.
2021
* Sífilis adquirida: 4.533 / Sífilis em gestantes: 2.031 / Sífilis congênita: 556
2022
* Sífilis adquirida: 7.484 / Sífilis em gestantes: 2.291 / Sífilis congênita: 674
2023
* Sífilis adquirida: 8.129 / Sífilis em gestantes: 2.618 / Sífilis congênita: 808
2024
* Sífilis adquirida: 4.201 / Sífilis em gestantes: 1.715 / Sífilis congênita: 451
(O total de casos saltou de 7.120, em 2021, para 11.555 em 2023)
Antes é preciso entender o que é a sífilis e os riscos da doença para a saúde. A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). A boa notícia é que existe tratamento e cura. Exclusiva do ser humano, é causada pela bactéria Treponema pallidum.
A transmissão ocorre por meio de relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.
De acordo com o Ministério da Saúde, possui três estágios: primária, secundária e terciária. Nos dois primeiros é possível notar os principais sintomas. Além disso, nessas etapas a IST é mais transmissível. Depois, desaparece e é quando as lesões iniciais parecem aparentemente curadas, mesmo sem tratamento.
Porém, ao ficar “estacionada” por meses e até mesmo anos, é quando começam a surgir as complicações mais severas como: cegueira, doença cerebral, paralisia e problemas cardíacos. Tamanha a gravidade, pode levar à morte.
De acordo com a médica e referência da Coordenação Estadual de IST/Aids da Sesa, Bettina Moulin, a sífilis apresenta altas taxas de transmissão vertical.
A infecção pode colocar em risco não somente a saúde do adulto, como também pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. Em alguns, podendo evoluir para aborto e sequelas muito ao recém-nascido, inclusive morte.
“Ela pode chegar a 100% de transmissão dependendo da doença materna e da fase da gestação. A Sífilis Congênita também pode causar sérios problemas na saúde da criança. Com o Plano Estadual, estruturamos como uma forma para reorientar as nossas ações, mas também de todos os atores envolvidos, que vão desde os profissionais de saúde, em todos os níveis e a sociedade civil, para podermos mudar este cenário desde já”.
A prevenção, portanto, é ferramenta fundamental para se contornar e desacelerar o problema. Realizar o acompanhamento correto durante o pré-natal é fundamental para possibilitar o diagnóstico e tratamento rápido, para evitar a transmissão para o recém-nascido.
Todos os anos, no terceiro sábado do mês de outubro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita.
O objetivo é promover conscientização sobre os riscos da doença, além de destacar a necessidade de um diagnóstico precoce e tratamento correto. Em 2024, acontece no próximo sábado (19).
Para combater o problema a Sesa busca intensificar as ações de saúde com a retomada do chamado “Plano Estadual de Enfrentamento da Sífilis Congênita no Espírito Santo”.
A previsão, dentro do Plano Estadual, é de que até o ano de 2027, seja alcançado o número de casos de 2,3 para cada mil nascidos vivos, e, até o ano de 2030, atingir a meta estipulada pela OMS, de 0,5 casos.
“As ações já foram iniciadas e objetivamos a curto e alongo prazo qualificar ainda mais os nossos profissionais de saúde e também promover junto à sociedade a importância de sabermos que a Sífilis existe, que ela tem tratamento e tem cura. Com isso, podemos reduzir o número de crianças nascendo com esta doença, ou até mesmo, erradicá-la do nosso território”, explicou Bettina Moulin.
O SUS oferta de graça a testagem detecção da sífilis e o tratamento contra a doença. Outras doenças como HIV e as hepatites B e C, também.
O teste para a Sífilis pode ser feito em unidade básica de saúde da rede pública ou nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Nestes locais, rofissionais de saúde colhem apenas uma gota de sangue da ponta do dedo do paciente para análise. O resultado é rápido e fica pronto em até 30 minutos.
O tratamento, também ofertado pela rede pública, é feito com o antibiótico penicilina benzatina. É importante destacar que o paciente não pode abandonar o tratamento antes do fim. Caso contrário, a infecção não será completamente eliminada.
Gestantes e parcerias sexuais devem realizar o teste de sífilis e da hepatite B durante o pré-natal. Em caso de diagnóstico positivo, é preciso realizar os procedimentos de prevenção da transmissão vertical (casos de sífilis congênita).
Já nos casos de sífilis congênita, “o diagnóstico deve avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais. O tratamento é realizado com penicilina cristalina ou procaína, durante dez dias”, descreveu a pasta.
Fonte: Folha Vitória