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29 de agosto de 2024O Hospital Estadual Dr. João dos Santos Neves (HEJSN), localizado em Baixo Guandu, completa 70 anos de história neste mês de agosto. Com 36.626 atendimentos apenas neste ano, o hospital se prepara para receber investimentos de reestruturação e modernização da sede histórica.
Fundado oficialmente em 30 de agosto de 1954, o hospital recebeu o nome em homenagem a João dos Santos Neves, um médico que atendeu a população do município por diversos anos. A obra de construção do hospital foi finalizada no dia 21 de julho de 1954, porém, sem mão de obra qualificada para atender os pacientes, a unidade ofertou, à época, um curso de Auxiliar de Enfermagem para quem desejasse trabalhar no local.
Dessa forma, com 28 funcionários, o HEJSN recebeu os primeiros pacientes no dia 1º de setembro de 1954, transferidos de um hospital superlotado em Aimorés, município de Minas Gerais, para a unidade em Baixo Guandu.
Atualmente, o Hospital Dr. João dos Santos Neves conta com 213 servidores e é um hospital de média complexidade, que atende os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em diversas especialidades, ofertando o Serviço de Urgência e Emergência 24 horas. Em 2024, até o dia 31 de julho, já somava 25.170 atendimentos no Pronto-Socorro, entre urgências, emergências, curativos e atendimentos ambulatoriais, além de 733 internações, 419 cirurgias eletivas e 10.304 cirurgias oftalmológicas, somando 36.626 atendimentos nos primeiros sete meses do ano.
À frente da direção-geral do Hospital Dr. João dos Santos Neves desde abril de 2023, Márcia Schulz é funcionária pública efetiva há 29 anos, dedicados à Secretaria da Saúde (Sesa), e destacou importantes investimentos do Governo do Estado para a melhoria da infraestrutura hospitalar e atendimento aos usuários.
“A gestão hospitalar é desafiadora. Somos referência para 15 municípios da região central-norte. Recebemos investimentos em equipamentos e pequenas reformas que melhoram a qualidade do serviço prestado, como a aquisição de carrinho de anestesia, mesas cirúrgicas, camas elétricas e a torre de vídeo cirurgia, que dá mais segurança aos procedimentos com menos risco para o paciente”, afirmou a diretora Márcia Schulz.
Em continuidade aos investimentos já realizados, o HEJSN receberá uma obra para requalificação da estrutura, com a construção de um novo prédio e a modernização da sede histórica. O Plano de Reestruturação vai ampliar a área física da unidade em 60% e, consequentemente, aumentar o número de leitos.
“Essa é uma grande mudança para o hospital, por aumentar nossa capacidade de atendimento com 16 novos leitos de internação, novo centro cirúrgico, ambulatório e setor de diagnósticos. A realização de exames no hospital vai garantir mais conforto e resolutividade para os pacientes. Será um grande ganho tanto para a população quanto para os servidores que vão trabalhar em um ambiente mais moderno e humanizado”, destacou a diretora Márcia Schulz.
O aniversário será comemorado com um culto ecumênico no dia 13 de setembro. Para o dia, o HESJN se prepara para receber os servidores, autoridades e ex-diretores hospitalares ao som da banda marcial de Baixo Guandu e com um bolo comemorativo.
Memórias
Concursada da Sesa há 30 anos, Nerilda Corrêa Gomes atuou durante toda a carreira no Hospital Estadual Dr. João dos Santos Neves. Para a servidora, que atua como chefe do Núcleo de Nutrição há 26 anos, trabalhar no hospital foi a realização de um sonho. “Quando passava na frente da unidade, eu falava para mim mesma que um dia iria trabalhar aqui. Passei no concurso de 1994, quando estava vivendo um período difícil, de dificuldade financeira, e com a minha filha pequena”, relembrou Nerilda Gomes.
Com atuação em diversos setores da unidade, a servidora, que iniciou a carreira como auxiliar de serviços gerais, é conhecida pela contação de histórias sobre os causos vividos durante os anos de dedicação. Uma dessas memórias, partilhada por ela, envolve um paciente que esteve internado no HEJSN durante quatro anos para tratamento de câncer, há mais de 20 anos. O hospital também é referência de tratamento de longa permanência e, atualmente, 15 pacientes estão sob o cuidado na unidade.
“Muitas coisas me marcam nesse tempo. Aprendi muito e guardo histórias que são exemplos de vida para mim. Uma dessas foi de um paciente que esteve internado aqui, há muito tempo. Ele era idoso e fazia tratamento de câncer no olho. Como os familiares eram muito pobres e não tinham condições de fazerem visitas frequentes, nós o acolhemos como uma família. Mesmo como sofrimento da doença, ele era gentil e tinha o hábito de tocar flauta toda tarde. Sempre me emociono quando lembro dele”, revelou Nerilda Gomes.
Eficiência
Além das melhorias físicas, foi implantado no hospital, em 2020, o Núcleo Interno de Regulação (NIR), que otimizou a capacidade de atendimento dos pacientes por meio da eficiência da regulação hospitalar e do Giro de Leitos. O projeto é desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), por meio do Programa de Gestão do Acesso e da Qualidade da Assistência nas Redes de Atenção à Saúde (PGAQ).
No ano de implantação, a ocupação do HEJSN estava em 39,66%. Em 2021, chegou a 64,83% e, no ano seguinte, alcançou a marca de 77%. Em 2023, a média foi de 75% e, até agosto de 2024, 72% de ocupação dos leitos. De 2021 para 2024, o Giro de Leitos — indicador ligado ao tempo médio de permanência na unidade e que mede quantos pacientes ocupam o mesmo leito durante um mês — dobrou de 1,3 paciente/mês, em 2021, para 2,6 pacientes/mês, neste ano.
A diretora do HEJSN destacou que a mudança na gestão dos leitos é visível com a chegada do NIR. “Antes, tínhamos uma baixa lotação do hospital e agora, com o NIR, temos todas as informações do paciente, do setor que está, quando vai sair, se será transferido. Isso otimiza o Giro de Leitos e conseguimos receber transferência de pacientes de fora da cidade que aguardavam por um leito na rede hospitalar”, explicou Márcia Schultz.
Neste ano, o NIR do HEJSN passou para a categoria de Núcleo Interno de Regulação e Desospitalização (NIRD). Devido ao nível de complexidade instalada e ser um hospital de médio porte, a unidade não preenche critérios para a implementação de um Escritório de Gestão de Altas (EGA), que prevê um médico dedicado ao setor. Todavia, considerando a grande parcela de pacientes moradores (àqueles que têm tempo de permanência maior que 90 dias), o ICEPi inovou, incorporando as tecnologias e ferramentas para a promoção de altas e desospitalizações seguras do EGA ao NIR, formando o NIRD. O HJSN foi pioneiro nesse projeto, que já foi estendido a outros dois hospitais da Sesa.
Para isso, o NIRD conta com uma equipe mista formada por profissionais do ICEPi e designados pelo hospital, composta por um médico supervisor, um enfermeiro supervisor, enfermeiros reguladores, enfermeiro de desospitalização e auxiliares administrativos.
Estrutura
O HEJSN conta com uma equipe multidisciplinar de 213 servidores envolvida na assistência direta ao paciente, composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, entre efetivos, contratados por Designação Temporária (DT) e comissionados.
Com perfil de média complexidade, a unidade oferta serviço de Urgência e Emergência 24 horas, leitos para internação em pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica, Unidade de Alta Dependência de Cuidados (UADC), que totalizam 70 leitos, sendo 53 operacionais.
Desses leitos, 10 são de pediatria; sete de observação adulto; três são de emergência; 15 de clínica médica feminina; 17 de clínica médica masculina; nove leitos cirúrgicos; um de leito de isolamento; dois de Recuperação Pós-Anestésica (RPA) e seis leitos são de UADC.
O Hospital Dr. João dos Santos Neves realizou, até o dia 31 julho de 2024, 25.170 atendimentos no Pronto-Socorro da unidade entre urgências, entre emergências, curativos e atendimentos ambulatoriais; 733 internações; 419 cirurgias eletivas e 10.304 cirurgias oftalmológicas.
Modernização
Por meio do Plano de Reestruturação, o hospital passará por obras de modernização que vão contemplar a expansão em 60% da estrutura física da unidade, com a preservação da fachada histórica do hospital. Com isso, o hospital ganhará 16 leitos de internação.
O modelo de reforma foi inspirado na reforma da Santa Casa de Curitiba, em que houve a modernização do hospital, mas as características arquitetônicas foram mantidas. Para isso, será preservada a fachada do edifício principal e as edificações posteriores e periféricas serão demolidas para dar lugar a um novo edifício de três andares.
O novo prédio abrigará serviços críticos, como Centro Cirúrgico e Central de Material Esterilizado, enquanto que na antiga estrutura serão mantidos os serviços de pronto-socorro adulto e infantil; ambulatório de especialidades; serviços de diagnóstico por imagem; unidades de internação para cuidados prolongados e unidades de internação em geral.
História
Memória de um período áureo de Baixo Guandu, o hospital foi construído para atender ao crescimento do município, após o começo da operação da Vale do Rio Doce, na década de 1940, quando a mineradora iniciou o transporte do minério de ferro pela linha de trem Vitória-Minas, que corta a cidade. Com isso, entre 1940 e 1960, a cidade passou de 18.265 habitantes para 28.180 moradores, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com um crescimento de 54%. Muitos desses novos moradores, inclusive, nascidos na maternidade do HEJSN, inaugurado em 1954.
O terreno para a construção do hospital foi doado pelo casal Aristides Visconti e Nina Costa Visconti, em 13 de maio de 1953, e a obra aconteceu durante a administração do governador Jones dos Santos Neves, com o prédio concluído em 21 de julho de 1954.
Sem pessoas qualificadas para atender no hospital, a enfermeira Natércia Maria Cohen foi convidada a ministrar um curso de Auxiliar de Enfermagem, com duração de dois meses, para as pessoas que desejassem trabalhar no hospital. Com a equipe formada, em agosto do mesmo ano, o hospital — já equipado, com móveis e aparelhos para exames — foi aberto para o atendimento dos pacientes, sendo oficialmente fundado em 30 de agosto de 2024, com 28 funcionários distribuídos nos serviços de enfermagem, cozinha, lavanderia, limpeza e três médicos.
A data do primeiro atendimento, no entanto, foi dia 1º de setembro de 1954, quando pacientes que estavam em um hospital com superlotação em Aimorés (MG), foram trazidos para o atendimento na unidade. Em setembro, também teve início o setor de ambulatório da unidade.
A inauguração do hospital aconteceu durante a gestão de Jones dos Santos Neves, filho do Dr. João dos Santos Neves. O nome foi em homenagem a João, o primeiro médico a trabalhar na região de Baixo Guandu. Como João era apelidado de Jones, a unidade primeiro recebeu o nome “Hospital e Maternidade de Baixo Guandu Dr. Jones dos Santos Neves” e foi, posteriormente, trocado para “Hospital Estadual Dr. João dos Santos Neves”.
Fonte: Governo ES