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7 de dezembro de 2021Mudanças climáticas: o país que se prepara para desaparecer
Aquecimento global é uma ameaça para a pequena nação de Tuvalu. E as autoridades locais já anteveem o pior cenário: que todo o território fique submerso
Pense por um momento na sua casa, nas suas raízes, no lugar que você mais ama no mundo – e como seria difícil imaginar que este lugar poderia desaparecer do planeta.
Para os habitantes de dezenas de Estados insulares, esse é um medo real.
O aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas já está causando perda de áreas e escassez de água potável nessas ilhas.
Nesta reportagem da BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), entenda a situação de uma pequena nação do Oceano Pacífico, Tuvalu, que tem instado os países mais poluentes a reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa.
Esta nação também está se preparando legalmente para o pior cenário: a submersão total de seu território.
O Ministro da Justiça, Comunicações e Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, enviou uma mensagem dramática à COP26, a recente cúpula sobre mudança climática em Glasgow, na Escócia.
“Estamos afundando, mas a mesma coisa está acontecendo com todos”, afirmou.
Com água na altura dos joelhos em um local que anos atrás era terreno seco, Kofe deixou claro que o drama que Tuvalu enfrenta hoje é apenas um prenúncio dos severos impactos das mudanças climáticas que afetarão cada vez mais – ainda que de maneiras diferentes – muitos outros países do mundo.
Nível do mar, uma ameaça existencial
Tuvalu tem nove pequenas ilhas e fica a aproximadamente 4.000 km da Austrália e do Havaí. Seus vizinhos mais próximos são Kiribati, Samoa e Fiji.
“É uma nação insular de baixa altitude. O ponto mais alto acima do nível do mar é de 4 metros”, disse o ministro Kofe à BBC Mundo.
Todo o país tem 26 quilômetros quadrados, onde vivem cerca de 12.000 pessoas.
Como Kiribati e as Maldivas, entre outros locais, Tuvalu é um país feito de atóis e, portanto, é especialmente vulnerável ao aquecimento global.
Os territórios dessas nações situam-se sobre recifes de coral em forma de anel, completos ou parciais, que circundam uma lagoa central.
“Vivemos em faixas de terra muito estreitas e em algumas áreas você pode ver o mar aberto de um lado e uma lagoa do outro”, disse Kofe.
“O que temos experimentado ao longo dos anos é que, com o aumento do nível do mar, vemos a erosão de partes da ilha.”
Tuvalu também tem enfrentado ciclones mais fortes e períodos de seca, acrescentou o ministro. E a temperatura mais alta do oceano tornou os recifes de coral branqueados. Eles são vitais para a proteção costeira e a reprodução dos peixes.
Mas há outro problema ainda mais urgente: a entrada das águas do oceano.
O mar e seu impacto na água potável
A água marinha está se infiltrando no subsolo em certas áreas e isso afeta os aquíferos, explicou Kofe.
“A água potável normalmente é obtida da chuva, mas em algumas ilhas também eram cavados poços para acessar as águas subterrâneas. Hoje isso não é possível devido à intrusão da água do mar, então dependemos basicamente apenas da água da chuva”.
A penetração de água salgada também inutilizou terras agrícolas. O governo taiwanês está atualmente financiando e gerenciando um projeto piloto para produzir alimentos em condições controladas em Tuvalu.
“A salinidade da areia dificulta muito o cultivo de nossos alimentos e estamos cada vez mais dependentes de produtos importados”, disse Kofe.
“O projeto do governo taiwanês teve que importar o solo e os fertilizantes.”
Fonte: Terra