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16 de março de 2023Especialistas alertam, no entanto, que os dispositivos são uma ferramenta importante, mas eles ainda não oferecem a confiabilidade necessária em alguns parâmetros
Desde 2009, quando os primeiros modelos chegaram ao mercado, os relógios inteligentes têm sido úteis para as pessoas que se exercitam com regularidade, seja para mostrar a pulsação, o número de passos dados, as calorias gastas.
A tecnologia se aprimorou e, atualmente, os smartwatches podem mostrar muito mais do que isso.
“A inteligência artificial incorporada aos relógios veio para ficar e auxiliar na busca por melhores resultados para os pacientes”, afirmou Maurício dos Santos, especialista em fisiologia do exercício da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Já conseguimos monitorar a pressão arterial e a frequência cardíaca por exemplo. Caso algum índice seja extrapolado, o usuário já sabe que deve procurar um médico. Existem outros indicadores que devem ser incorporados em breve aos relógios, o que nos permitirá monitorar a glicemia de indivíduos diabéticos e pré-diabéticos e enviar alertas como ‘cortar o açúcar’, ‘reduzir a ingestão de ultraprocessados’.”
Outra vantagem dos relógios inteligentes, segundo o especialista, é a conscientização dos usuários em relação à própria saúde.
“As pessoas que usam os dispositivos se engajam melhor no tratamento e no aprendizado sobre suas condições; elas aprendem a lidar com os indicadores, os limites e respondem melhor ao tratamento”, afirmou.
Pacientes com doenças crônicas também são grandes candidatos a usar, cada vez mais, os relógios inteligentes. Um estudo de 2019 mostrou que os dispositivos podem ser muito úteis para monitorar pacientes com câncer, por exemplo. Alguns modelos podem detectar um declínio na condição do paciente e enviar a informação para o médico, de uma forma mais rápida e eficiente do que esperar pela ida do doente a um hospital.
É o caso de Laura Lessa, de 45 anos, que tem lúpus, uma doença inflamatória autoimune. “Eu dei de presente para a minha esposa um smartwatch para que ela pudesse medir os batimentos cardíacos, devido à sua condição de saúde. Como ela é portadora de lúpus, precisa ter cuidados redobrados”, disse o jornalista Diogo Tirado, de 49 anos, que vive com a mulher em Lisboa. “Em novembro do ano passado, ela teve covid-19 e, em seguida, uma pneumonia. Então precisa ficar monitorando a saturação de oxigênio. Tivemos que trocar o relógio por um novo modelo, que faz isso.”
Relógio ajuda, mas não é o suficiente
“Os dispositivos têm melhorado muito em relação à acurácia, estamos no caminho certo, mas eles ainda não oferecem a confiabilidade necessária para diversos parâmetros”, afirmou Luis Katake, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).
Chefe da disciplina de telemedicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telesaúde, Chao Lung Wen acredita que o futuro é muito promissor.
“Até 2025 esse campo vai crescer muito, vamos poder fazer um acompanhamento pessoal de pacientes, principalmente com doenças crônicas, como hipertensos e diabéticos”, disse o especialista. “Além disso, vamos poder usar a inteligência artificial de forma preditiva, antecipando problemas.”
Fonte: Folha Vitória.