Novo Atlas Eólico do Estado, que pretende atualizar levantamento feito há 13 anos, deverá ter sua primeira fase lançada até o meio do ano
O Espírito Santo deve lançar, até a metade deste ano, a primeira fase da atualização de seu Atlas Eólico, que apontará a potencialidade do Estado para a produção de energia a partir da força do vento. O projeto será financiado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
O objetivo é oferecer mais informações ao mercado sobre a capacidade do Espírito Santo produzir energia eólica, tanto em terra (onshore) quanto no mar (offshore), além de atrair novos investimentos na área de energia renovável.
A primeira edição do Atlas Eólico do Espírito Santo, publicada pelo Governo do Estado em 2009, mostra que o potencial sobre o mar, ao longo do litoral capixaba era bastante significativo à época, com 4,7 gigawatts (GW) em locais com velocidades maiores que 7m/s, a 75m de altura.
“Será importante para a gente atualizar essas informações, de modo a demonstrar o quanto a gente tem de vocação, de uma forma mais precisa, e, consequentemente, atrair novos investidores”, destacou a subsecretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico, Rachel Freixo, durante durante sua fala em um dos painéis da 3ª Conferência Onshore e Offshore, realizada no fim de abril, em Vitória, durante a Feira Capixaba de Empresas do Setor de Petróleo, Gás e Energia (Fecapge).
As informações do novo Atlas Eólico do Espírito Santo deverão ser disponibilizadas em diferentes etapas, uma vez que a coleta completa dos dados requer mais tempo, levando cerca de três anos para ser concluída.
De acordo com Rachel Freixo, em um primeiro momento serão utilizados dados coletados para o atlas de 2009 (dados secundários), porém aplicando a eles uma metodologia mais moderna.
“Atualmente apenas o Rio Grande do Norte tem, fornecido pelo poder público, uma instalação de antenas e de catalizador de vento para captar esses dados primários, para se ter esses dados mais reais da eólica offshore. É uma informação muito cara”, ressaltou a subsecretária.
“Neste primeiro momento, vamos utilizar dados secundários, mas com uma metodologia científica e estatística mais atualizada, considerando potenciais de vento, etc.”, completou.
A ação faz parte do Programa Strategic Partnerships for the Implementation of the Paris Agreement (SPIPA), desenvolvido pela GIZ. Entre outras ações, o projeto apoia estados brasileiros com potencial para a produção de energia eólica, incluindo o Espírito Santo.
A aproximação com o governo alemão para a realização do novo Atlas Eólico será importante para o Espírito Santo não só pela questão do financiamento do projeto, mas também na aquisição de know how para a produção de energia renovável, uma vez que a União Europeia é líder global no setor da energia eólica offshore.
“O governo alemão disponibiliza recursos, inclusive financeiros, para ajudar estados brasileiros a potencializar o que se tem de vocação natural. Foi uma doação, então não teve dispêndio financeiro público”, frisou Rachel Freixo.
Para a subsecretária, o Espírito Santo tem uma importante vantagem em relação a outros estados brasileiros para receber investimentos para a produção de energia eólica, uma vez que o estado conta com uma importante plataforma logística, especialmente no que tange à sua infraestrutura portuária.
“Eles vão precisar do nosso kwow how, sobre o que a gente já sabe fazer dentro da indústria de petróleo e gás: as técnicas que a gente domina, a mão de obra e a manutenção que a gente precisa. O Estado do Espírito Santo hoje é um dos principais importadores de todas as máquinas que fazem o transporte, por exemplo, das pás eólicas. O Espírito Santo já tem expertise na importação dessas máquinas, por conta da linha de petróleo e gás”.
Mesmo assim, ainda é preciso atrair mais a atenção dos potenciais investidores para o estado. Durante a 3ª Conferência Onshore e Offshore, Rachel Freixo lembrou que o Espírito Santo não recebeu, para o próximo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nenhum projeto para a construção de parques eólicos, fotovoltaicos, de biomassa e outras usinas dedicadas à produção de energia renovável. Já a Bahia, por exemplo, recebeu 600 projetos.
Para incentivar a produção de energia renovável no Espírito Santo, o governo do Estado lançou, no ano passado, o Programa de Geração de Energias Renováveis do Espírito Santo (Gerar).
A ideia, segundo o governo estadual, é diversificar a matriz energética em território capixaba para, dessa forma, melhorar a qualidade de vida da população, com a redução da emissão de gases poluentes.
Além disso, o projeto tem como objetivo fomentar o desenvolvimento econômico e potencializar o ambiente de negócios no Espírito Santo, tornando-o mais competitivo e seguro.
O governo do Estado também pretende, com o Programa Gerar, atrair novos investidores e possibilitar a instalação de novos empreendimentos em diversas regiões capixabas, a partir da identificação de áreas promissoras na geração de energia renovável.
Portanto, a partir da elaboração do novo Atlas Eólico do Espírito Santo, que apresentará com precisão as áreas que possuem maior potencial de geração desse tipo de energia no estado, a expectativa é que o estudo seja uma importante base de dados para o desenvolvimento do Programa Gerar.
Coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), o Gerar possui seis eixos de atuação: instrumentos regulatórios, incentivos fiscais e/ou tributários, P&D (pesquisa e desenvolvimento), acesso à rede, desenvolvimento regional e financiamentos.
FONTE: Folha Vitória.