Aluno com baixa visão cria calculadora inclusiva para matemática em Vitória

Lucas Torres Costa, de 14 anos, criou a calculadora inclusiva para estudantes com deficiência visual, usando programação e inteligência artificial

É sabido por muitos que a educação especial no Brasil ainda enfrenta muitas barreiras, seja na formação de professores especializados ou nos investimentos em materiais e equipamentos adequados para quem possui algum tipo de deficiência.

Um aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Experimental de Vitória criou uma “Calculadora DV”, que é uma calculadora inclusiva virtual ampliada para os estudantes que possuem baixa visão. A ideia foi do estudante Lucas Torres Costa, de 14 anos, que cursa o 9º ano e possui deficiência sensorial visual.

Calculadora inclusiva e a rotina de dificuldades

O adolescente conversou com o Folha Vitória e disse que desenvolveu a calculadora especial, pois vive uma rotina de dificuldades com ferramentas digitais.

Ao ter essa ideia, ele pensou que poderia ajudar mais pessoas com algum tipo de deficiência, adaptando as ferramentas de acordo coma necessidade específica.

A principal motivação foi facilitar meus próprios estudos em matemática. Como estudante com baixa visão, enfrentei dificuldades com as calculadoras convencionais. Percebi que poderia usar meus conhecimentos em programação e inteligência artificial para criar uma ferramenta mais acessível, não só para mim, mas para outras pessoas com deficiência visual, disse Lucas.

Aluno usou conhecimentos de programação e IA

Botões pequenos, baixo contraste e interfaces pouco intuitivas, fizeram com que Lucas criasse a calculadora. Ele utilizou os conhecimentos em programação e Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento da ferramenta, criando mais autonomia nos estudos de uma das matérias mais temidas pelos alunos, a matemática.

O estudante capixaba explicou o funcionamento da calculadora.

“A Calculadora DV foi desenvolvida com foco na acessibilidade. Ela possui números ampliados na tela do celular, alto contraste e uma interface simplificada, proporcionando mais autonomia nos estudos para pessoas com deficiência visual”, explicou.

Lucas desenvolveu o projeto do zero, por meio de diversas tecnologias, como React Native com Expo, GitHub e VS Code, e contou com o apoio da IA, por meio do ChatGPT, para aprimorar ideias e buscar soluções durante o desenvolvimento.

“A IA serviu como suporte, mas a inteligência humana sempre esteve no comando. O nome ‘Calculadora DV’ é a junção de ‘calculadora’ com a sigla de deficiência visual, área da educação especial na qual sou atendido”, explicou Lucas.

A calculadora possui funcionalidades que as convencionais não oferecem, como números ampliados, alto contraste e uma interface simplificada.

Ferramenta para aperfeiçoar educação inclusiva

Para a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Experimental de Vitória (Ufes), em Goiabeiras, onde Lucas estuda, a ferramenta é essencial para o aperfeiçoamento da educação inclusiva no Brasil, com o apoio da tecnologia.

“A iniciativa de Lucas é um exemplo poderoso de como a educação inclusiva, aliada ao uso consciente da tecnologia, pode transformar a realidade escolar. Mais do que um projeto pessoal, sua criação tem potencial para beneficiar outros colegas com deficiência visual, promovendo acessibilidade, inovação e igualdade de oportunidades dentro e fora da sala de aula”, destacou a diretora Luciana Castelo.

A calculadora é digital e pode ser baixada no site de Lucas, que pode ser acessado por meio deste link.

Fonte: Folha Vitória