Pediatra ouvida pelo Folha Vitória destaca o trio alimentação, esporte e higiene como fundamental para manter a garotada saudável nesta época do ano

Todos os anos a história se repete. Com a chegada do clima mais seco e a temporada de dias e noites mais frios, típicos do outono e do inverno, aumentam os casos de gripes e resfriados. Crianças e idosos são os que de maneira geral mais sofrem com os problemas respiratórios.

Para manter afastado o risco de contrair essas doenças, uma boa dica é manter a imunidade fortalecida. 

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A médica pediatra Karoliny Veronese lembra que nessa época a circulação de vírus respiratórios é maior. Também é bastante comum que, por sentirem mais frio, as pessoas acabam ficando mais tempo em locais fechados, sem uma circulação do ar adequada.

“É o período de maior sazonalidade da circulação de vírus respiratórios, como o vírus influenza (que causa gripe), o vírus sincicial respiratório (que causa a bronquiolite) e todos os vírus que causam os resfriados. Então não é a imunidade que fica impactada no outono e no inverno, e sim a maior circulação dos vírus respiratórios que têm sazonalidade nesse período”, explica.

Como as crianças ainda estão na fase de desenvolvimento do sistema imunológico, acabam ficando mais suscetíveis a adoecer. 

Karoliny destaca que a imunidade de um indivíduo adulto é muito maior e entre os motivos está o fato de ter tomado mais vacinas ao longo da vida. Tem ainda o maior número de exposições aos microorganismos, responsáveis pelo mecanismo de imunidade permanente. 

“A criança ainda está desenvolvendo esse sistema imunológico enquanto o do adulto já é mais competente”.

Como melhorar a imunidade das crianças?

Adotar uma alimentação balanceada, saudável, rica em nutrientes e em vitaminas é fundamental para reforçar a imunidade. 

O sedentarismo, as brincadeiras em frente às telas, excesso de gorduras, frituras e açúcares e o consumo de produtos industrializados são muito prejudiciais ao organismo do ser humano.

“Para melhorarmos, o primeiro passo é ter uma alimentação rica em vitaminas, minerais e nutrientes, pobre em açúcar, frituras e gorduras, prática de exercícios físicos, exposição à luz solar, que é nossa maior fonte de vitamina D – a mais ligada à imunidade – e passar a ter o hábito de lavar as narinas com soro fisiológico, porque é por esse canal que os vírus entram em nosso organismo”, disse Karoliny.

Veja lista de alimentos amigos da imunidade

Prefira sempre variar as frutas, verduras e legumes. Uma alimentação balanceada deve ter carboidratos bons, como inhame, aipim, batata baroa, proteínas (peixes, aves, carne vermelha com moderação). Além disso, alimentos integrais (arroz integral, pães e massas integrais), feijão e lentilha são algumas opções saudáveis. 

* Banana, morango, maçã, abacate, laranja e mamão;

* Brócolis, espinafre, couve e rúcula;

* Carnes brancas, patinho, músculo;

* Amêndoas e nozes;

* Feijão, grão de bico, lentilha e soja;

* Azeite de oliva.

Quando suplementar

A suplementação de vitaminas e minerais somente deverá acontecer após uma avaliação do pediatra. Por ser individualizada, deve ser baseada em exames de cada paciente. 

“Você precisa saber o que está em déficit para, então, suplementar. Lembrando que a hipervitaminose também é prejudicial, então não podemos tomar vitaminas sem prescrição médica. Precisamos colher nossos exames de rotina, fazer a dosagem das vitaminas e minerais, para ver o que precisa ser reposto e, de acordo com os exames, seguir a dosagem que o médico prescreveu”, explica a pediatra, que atua na Upuerê Educação Infantil.

Um outro ponto importante e que merece atenção é a ideia de que existem medicamentos para aumentar a imunidade. Karoliny afirma que isso não passa de uma ilusão já que de nada adianta tomar um medicamento para imunidade se a alimentação do paciente não é adequada. 

É exatamente por esse motivo que o primeiro passo é cuidar para que a alimentação seja a mais saudável possível. 

“Precisamos comer de forma saudável e nos expor à luz solar nos horários adequados para produção de vitamina D para termos uma boa imunidade”.

No caso de pessoas que têm problemas relacionados à imunidade, essas sim devem ser tratadas de acordo com o que precisam. Sempre seguindo as orientações de um médico.

Esportes e atividades ao ar livre mesmo em dias mais frios

Seja na primavera, no verão, no outono ou inverno, praticar atividade física é sempre importante. Não importa a estação do ano.

Não é o vento soprando forte nem mesmo as temperaturas mais baixas que levam uma pessoa a adoecer. Na verdade, é o contato com um indivíduo (ou uma superfície) infectado com um determinado vírus que vai levar a isso. 

Buscar exercícios e brincadeiras ativas ao ar livre proporciona, inclusive, a exposição solar, fator indispensável para a produção de vitamina D, principal vitamina ligada à imunidade. “Então, sim, independente da época do ano, a prática de atividades ao ar livre é sempre muito bem-vinda”, afirma a pediatra.

A importância da higiene das mãos e dos alimentos

Desde o início da pandemia e a circulação do novo coronavírus que a higiene da mãos e alimentos ganhou notoriedade. Afinal, manter as mãos sempre limpas é fundamental para afastar o risco de contato com os vírus evitando a disseminação de qualquer doença.

As mãos são a principal fonte de infecção, viral e também bacteriana. “Então, a higiene das mãos deve ser ensinada desde cedo para as crianças – evitar colocar as mãos sujas na boca, no nariz, nos olhos, que são locais por onde os microrganismos entram em nosso organismo”. 

Vale destacar que os alimentos seguem esse mesmo caminho uma vez que a água suja pode levar a quadros de gastroenterites virais e bacterianas. 

Vacina x imunidade

Por fim e não menos importante, para completar esse combo de cuidados com a imunidade tem ainda a vacina. Para a apedraram ela contribui sim para melhorar o nosso sistema imunológico. 

E não apenas a da gripe, mais procurada entre os meses de março e agosto, mas todas as vacinas. Karoliny explica que existem apenas duas maneiras de se criar imunidade: por meio de vacinas ou adoecendo.

“É a partir destas formas que entramos em contato com o agente que causa doença – o vírus ou a vacina, que são os agentes atenuados – e que vamos criar um mecanismo de imunidade. Então a vacina é importante para a imunidade infantil, sim. Não é à toa que vacinamos os recém-nascidos ainda no hospital – para começarmos a trabalhar a imunidade delas. Vacinação em dia é o primeiro passo para garantir uma boa imunidade”, destaca.

Fonte: Folha Vitória.